Oi, gente! Tudo bem com vocês? Eu sou Flávia Lundberg. Hoje eu quero compartilhar com vocês como foi o início da minha vida na Suécia, como me senti ao chegar e como foi lidar com as sensações boas e ruins desse processo. No final, vou contar um pouquinho sobre como me sinto hoje.
Nasci e cresci no Rio de Janeiro, mas, desde 2011, embarquei em uma jornada que me levou a viver em diferentes países. Morei por um tempo em Luanda, Angola, depois em Portugal, até finalmente me estabelecer em Estocolmo, na Suécia, onde vivo desde 2014 com meu marido e nossa filha Sofia. Além de ser atriz, atuo como professora de Língua Portuguesa e Literaturas, profissão que me permite levar um pedacinho do Brasil para onde quer que eu vá. Casada desde 2012, construir uma vida no exterior tem sido uma aventura cheia de desafios e aprendizados.
Aqui, compartilho com vocês um pouco dessa experiência de viver longe do país natal e da cultura em que fui criada.
Mudamos para a Suécia em novembro, que, na minha opinião, é o pior mês para se mudar. É um período em que chove quase todos os dias, já está muito frio e o inverno está começando. Eu sou carioca, acostumada com o calor do Rio de Janeiro, onde as temperaturas chegam a 40°C ou mais durante o verão. De repente, me vi em um lugar com temperaturas baixíssimas, onde o frio doía nos ossos. Era uma sensação horrível, como se alguém estivesse espetando meus ossos. Foi muito difícil.
Além do frio, havia a barreira da língua. Eu não falava inglês quando cheguei e, apesar de todos aqui falarem inglês, tudo está escrito em sueco. A sensação que eu tinha era de que jamais aprenderia aquela língua, tão diferente de tudo o que eu conhecia. Eu me sentia perdida e, muitas vezes, inferior por não conseguir me comunicar. Sou uma pessoa muito social e gosto de conversar, mas, sem dominar a língua, me sentia isolada. Com meu marido, felizmente, eu podia falar em português, mas com outras pessoas, inclusive meus enteados, era complicado.
Durante esse período, enfrentei muitos desafios emocionais. Foi a primeira vez que senti um vazio enorme, como se estivesse em um "entre-lugar", um espaço intermediário entre a minha cultura e a do outro, entre o que eu sabia e o que os outros sabiam. Era uma sensação de impotência. Foi nesse momento que percebi que precisava tomar uma decisão: reafirmar a minha identidade brasileira ou me adaptar completamente à nova cultura.
Desde então, decidi conscientemente manter viva a minha cultura brasileira. Isso se reflete na comida que preparo em casa, nas minhas amizades e até mesmo na forma como decidimos criar nossa filha. Antes mesmo de engravidar, deixei claro para meu marido que era importante para mim que nossa filha tivesse meu sobrenome e que eu falaria apenas português com ela. Mesmo quando estamos com a família dele, eu continuo falando em português e ele traduz para que todos entendam. Como professora de português, sei da importância de manter uma língua consistente para que a criança não acabe escolhendo a opção mais fácil — que, no caso, seria o sueco.Outro ponto que gostaria de compartilhar é sobre os comentários que recebo nas redes sociais. Recentemente, uma pessoa me enviou uma mensagem dizendo que esperava que eu não perdesse a minha essência, pois já tinha visto outras pessoas mudarem depois de ganharem visibilidade. Isso me fez pensar muito. Perguntei para minha mãe, que é meu maior referencial, se ela achava que eu tinha mudado. Ela me disse que o maior medo dela quando eu saí do Brasil era que eu mudasse minha essência, mas isso não aconteceu.
Para mim, a forma de manter minha essência é lembrar diariamente de onde eu vim e onde estou. Faço esse exercício todos os dias porque não gosto de arrogância e não quero me tornar uma pessoa arrogante. Claro que mudei em muitos aspectos, aprendi muito e cresci pessoalmente, mas minha essência continua a mesma.
Hoje, depois de muitos desafios, me sinto feliz e realizada. Amo viver na Suécia, é um país maravilhoso, especialmente para a minha filha. Aqui, temos qualidade de vida e segurança, o que não tem preço. Apesar de todas as dificuldades do início, cada etapa da minha trajetória foi importante para me tornar quem sou hoje. Ainda não cheguei onde quero, tenho muitos objetivos pela frente e estou trabalhando para alcançá-los.Espero que minha história inspire outras pessoas que estão passando por desafios parecidos. Com trabalho e força de vontade, é possível superar as dificuldades e ser feliz em um novo país. Obrigada por acompanharem minha história e, se você gostou, saiba que esse é apenas o começo da minha jornada. Continue aqui com a gente e acompanhe toda a trajetória. Veja abaixo meus vídeos no meu canal. Também me acompanhe nas redes sociais: Instagram.
Beijos e até o próximo post!
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